Esse é um ninho de passarinho que tem em cima do meu telhado, nem tinha visto, mas ouvi ele pedindo comida pra mamãe....
Por mais que o tempo passe é mentira dizer que passou, a magoa com o tudo, a dor fica.
Viver é uma escolha sim, tentamos disfarçar, ou até mesmo
acreditamos, vou viver pelos meus filhos vivos, ou pela minha mãe... Por viver ...
Não interessa.
Depois de tantos anos da perda do Lucas meus sentimentos são
outros, não serei hipócrita em dizer que meu mundo parou, mentira, parece que
acelerou, que depois tudo começou a acontecer tão rápido. Meu sentimento de “Eu quero morrer
junto” ficou no meio do caminho quando aprendi e entendi que a morte dele me
fazia lutar pela vida, eu queria ele vivo, apenas, só isso de outro jeito não.
Então fugir da morte, da sombra se tornou algo que faço com
muita frequência, mesmo quando está tudo bem. Aliás, quase sempre está tudo
bem, eu que tive medo de muita coisa nesses últimos anos, principalmente de mim
mesma. Tratei pânicos que passaram, doenças que talvez nem existiam, eu
procurei.
Disfarcei muito.
Pra mim não faz sentido falar que sou forte, alguém que
perde um filho não é forte, é um sobrevivente, sobreviver à morte de um pedaço
de si mesmo que vai.
Também não sou vitima digna de pena, quantas mães enterram
filhos e choram menos? Nem um psiquiatra ou psicólogo, quanto mais um remédio
pra disfarçar a tristeza.
Se sou feliz? Tenho filhos fortes, saudáveis, uma grade
família e amigos que me completam. Claro que sou.
A ferida? Aquela parte nunca vai cicatrizar, só não sangra
mais a olhos vistos... Está como tatuagem
que escondo conforme a ocasião.
O tempo é sim o melhor amigo, nos dá presentes, nos orienta
e trás de volta a vontade de querer muito mais.
Esse desabafo é mais um dos meus dias órfã de Lucas que às
vezes teima em aparecer, mas uma menina muito graciosa ligou pra mim agora e
disse : vovóóóó, vem me pegar, tua filha tá me
incomodando J
Não fique triste....as vezes dou essa remoída no coração...Logo passa.
Obrigada
Fernanda Sahira